RESUMO
Este trabalho é um
relato de experiência do Estágio Curricular Supervisionado II, disciplina
integrante do Curso de Licenciatura em Matemática à Distância da Universidade
Federal de Pelotas, que foi realizado de maneira informal, mediante grupo de
estudos no Pólo de Apoio Presencial à Educação à distância da Universidade
Aberta do Brasil, na cidade de São Francisco de Paula, no período do segundo
semestre do ano de 2013, em um grupo de estudos do ensino Fundamental. O grupo
de estudos objetivou sanar, dúvidas e diluir dificuldades no aprendizado de
matemática, encontradas pelos integrantes da invernada artística Juvenil do Centro
de Tradições Gaúchas Rodeio Serrano. As aulas do grupo de estudos primaram pelo
uso de recursos didáticos com a utilização de técnicas pedagógicas
diferenciadas e divertidas, tendo a preocupação em aplicar explicações e
recursos pedagógicos de fácil compreensão, ligadas ao centro de interesses dos
alunos
INTRODUÇÃO
É sabido que muitas
pessoas tem receio da matemática e algumas vezes até medo. Acredita-se que tal
fato deva-se em grande parte ao método muito abstrato de ensino da matemática,
que distancia os alunos do cotidiano, dificultando relações simples do conteúdo
com a prática. Técnicas
pedagógicas atraentes e diversificadas podem contribuir para que o processo de
ensino aprendizagem seja mais eficaz.
Durante
o estágio, utilizou-se materiais concretos e recursos diversos, sempre
contextualizados a realidade do aluno, proporcionando assim um aprendizado
prazeroso e produtivo. Desmistificando a matemática como algo distante e
difícil, tornando as aulas mais claras ao
entendimento do aluno, motivando-o assim a utilizar o raciocínio como forma de
aprendizagem, já que na maioria das vezes os alunos estão acomodados e
desacostumados ao ato de pensar.
A partir de aulas diversificadas, utilizando
exercícios variados, material concreto e jogos
pedagógicos que auxiliaram na construção do conhecimento e situações da
realidade dos alunos, criou-se o interesse em aprender. Alguns alunos antes desmotivados e com medo da
matemática tornaram-se participativos e interessados, do momento que
perceberam que eram capazes de aprender matemática sem traumas.
Reflexões sobre técnicas e tecnologias
A atual sociedade globalizada e também dinâmica acirra
uma disputa pelo espaço no mercado de trabalho. O que amplia as exigências das
pessoas por uma melhor preparação, e desperta anseios de dedicação e estudo nos
alunos que tem uma preocupação cada dia maior com sua formação.
Figura 1 - Atividade de Expressões
Algébricas
E esta preparação faz-se necessária desde o ensino
básico, assim, a educação tem enfrentado algumas reformulações objetivando
preparar os jovens. Ferramentas tecnológicas como o computador e a calculadora
têm sido usadas com o objetivo de aumentar a eficácia do ensino e desenvolver
no aluno o senso crítico, o pensamento improvável e dedutivo, a capacidade de
observação, de pesquisa e estratégias de comunicação.
A
educação matemática é uma área que engloba inúmeros saberes, em que apenas o
conhecimento da matemática e as experiências de magistério não são considerados
para atuação profissional ( FIORENTINI & LORENZATO 2001), pois envolve
estudo dos fatores que influem,direta ou indiretamente, sobre o processo de
ensino e de aprendizagem em Matemática ( CARVALHO, 1991).
O uso dos computadores nas escolas também é imprescindível,
pois tal contato com a tecnologia já está intrínseco desde o nascimento, e a
cada dia mais se amplia o relacionamento virtual, não podendo o educador estar
distante desta realidade, valorizando as novas tecnologias e se valendo delas
para enriquecer suas aulas.
Estudar em grupo fortalece o interesse podendo estar
aliada a interdisciplinaridade e à educação tecnológica, a troca de
experiências e motivações aguça a curiosidade dos membros do grupo. Ao ver que
o colega também tem dificuldades, e que muitas vezes são as mesmas, vai se
criando um aporte mútuo e recíproco de auxílio. Assim, os alunos buscam juntos
sanar suas limitações sem sentirem-se diminuídos, pois se espelham nos colegas
e se apóiam, cada um contribuindo com o que entende melhor.
O grupo de estudos objetivou tornar os alunos
capazes de entender o conteúdo proposto, realizar os exercícios com facilidade
tendo como consequência um aprendizado de maior qualidade onde ocorra uma
melhor compreensão dos tópicos referente a disciplina da matemática que
certamente virão no dia a dia dos mesmos. Criando o hábito do estudo da
matemática de forma prática; ensinando os alunos a pesquisar links e vídeos
para que se tornem ativos no próprio processo de aquisição do conhecimento
matemático; desenvolvendo o raciocínio lógico matemático dos alunos através de
situações problema e material didático concreto e retomando conteúdos de séries
anteriores que possam contribuir para o entendimento do conteúdo atualmente
trabalhado;
A FUNCIONALIDADE DO grupo de Estudos
Na primeira aula, o objetivo era despertar o raciocínio construindo o
conceito de incógnitas. Cada dupla recebeu figurinhas com dois tipos
de animais para que construísse
expressões algébricas, sendo os animais as incógnitas. Depois estas expressões
foram trocadas entre as duplas que tinham de resolvê-las.
A atividade
estava prevista para ser realizada em vinte minutos, no entanto durou duas
horas. Notou-se que os alunos, tiveram dificuldade em raciocinar com incógnitas
e que ao atribuir valor à elas, fazendo o caminho inverso ao normal aplicado em
sala de aula, entenderam melhor o conceito intrínseco em “X” e “Y”. Quanto a
motivação a atividade foi bem aceita pelos alunos, que puderam sanar dúvidas e
se divertiram realizando a técnica.
As aulas
seguintes foram de revisão e exercícios, conforme o grau de dificuldade dos
alunos. As dúvidas foram tratadas individualmente, e os exercícios corrigidos
com o aluno.
O aluno
Gabriel, ficou além do horário, por ter prova de geometria básica, e ter solicitado
um auxílio maior.
Figura 2 - Explicações sobre Geometria
- Lab. de Matemática do Pólo da UAB - São Francisco de Paula
Ao explicar os conceitos básicos de geometria notei que embora estude em um colégio particular, Gabriel tem
dúvidas simplórias, e não diferencia algumas
formas geométrica. A conceituação de
ângulos, e tipos de triângulos também não estava muito clara para ele. Utilizou-se o
material concreto do laboratório da UAB, que foi de suma importância para a
compreensão dos conceitos e resolução das atividades propostas. Após a revisão
Gabriel tirou 26 na prova final, sendo que o peso da avaliação era 30. E foi
aprovado em matemática.
As figuras
geométricas em acrílico ajudam muito na compreensão dos conceitos e cálculos de
geometria plana, no entanto, são colados, não podendo ser planificados, o ideal
seria um material igual, mas que tivesse um encaixe para que pudéssemos abrir,
assim facilitaria sua utilização para explicação da matéria.
Atividades diferenciadas com Razão e Proporção
“Razão e
proporção”, com muita frequência ouvimos a respeito em nossa trajetória
estudantil, sem nos darmos conta de que tais temas são muito recorrentes na
vida escolar de um aluno, frequentemente nos depararmos com a palavra
“proporcionalidade” na aula de física, química, educação artística e em muitas
outras disciplinas. Seja numa receita da bolinho de chuva, sagu, na preparação
do cimento para a construção civil, na construção de maquetes, na estrutura de
uma obra de arte do século XIX e até mesmo nos gigantes fictícios de Hollywood,
Euclides investigou a proporcionalidade, que também encontramos em situações como as dimensões de um beija-flor,
a fórmula utilizada para transformar substâncias químicas em remédios, e as catastróficas alterações, geradas pelo
homem, na proporção entre os gases de nossa atmosfera, etc. São situações que
dão ao professor a oportunidade de mostrar aos alunos a relevância do tema.
Euclides não
se interessou pelo tema à deriva, ele teve sua motivação no cotidiano e
espera-se que estas comparações com a realidade tão próxima, desperte nos
alunos o interesse maior pelo assunto, por ser este um dos conteúdos que os
alunos tinham mais dificuldade. Escolhi usar a técnica da maquete para, além de
sanar as dificuldades, ensinar de forma prática a proporcionalidade.
“O uso de maquetes nas séries iniciais a
princípio pode assustar o professor, mas é um trabalho divertido e gratificante
para a turma. Os alunos podem fazer a maquete externa da escola por exemplo,
escrever os nomes das estruturas, aprender conceitos geométricos
instintivamente, utilizar medidas, escalas. Tudo de forma prática e simples.
Além de ser uma atividade interdisciplinar ainda pode ser direcionada para
preservação ambiental, aproveitando materiais de sucata. Importante também, é a
transposição do ambiente escolar para um tamanho menor, colocando a escola no
imaginário das crianças, como um lugar divertido, uma brincadeira onde se aprende.... Tente, você vai se
surpreender com os resultados .Mariane Soares”
A confecção da maquete estimulou os alunos a usar medidas,
régua, esquadro, compasso, transferidor e trena. Como trabalharam com materiais
reciclados, a busca pelo melhor material foi um aprendizado não previsto no
plano de aula, mas que muito contribuiu para o conhecimento pessoal dos alunos.
Ao calcular
as medidas reais e transpor para a maquete, que incluiu utensílios como mesas e
cadeiras, os alunos, foram sanando dúvidas e compondo o conceito de Razão e
Proporção o que facilitou a resolução dos exercícios.
Não foi
possível aplicar todos os exercícios previstos no planejamento, pois a maquete
precisou de 3 encontros para ser finalizada.
Os alunos
tiveram no início dificuldade em entender o conceito de proporcionalidade ao transpor
ele para prática, pois haviam decorado fórmulas e conceitos, sem entender o
real significado. A utilização da maquete da Sala de Aula e utensílios, foi
escolhida por estar bem a frente dos olhos dos alunos, podendo verificar a cada
dúvida a medida novamente, os detalhes entre outros. Também escolhi a sala,
pois os móveis e utensílios são de fácil reprodução, por se tratarem na maioria
de formas simétricas e retas. O interesse dos alunos foi despertado pela
atividade, que se mostrou muito produtiva e prazerosa, sendo o conhecimento
agregado de grande importância para a construção do conhecimento, deixando de
lado fórmulas decoradas, para exercer o seu potencial transpondo a teoria para
a prática, construindo assim um alicerce educacional de forma a somar no seu
conhecimento futuro.
Conclusão
O grupo de
estudos foi uma atividade diferente do estágio formal. A realidade dos alunos
do grupo de estudos é bem diferenciada, pois embora tenham dificuldades
oriundas da falta de base na alfabetização, os alunos tem maior base estrutural
e social, e dedicam mais tempo aos estudos. Como tem perspectivas diferentes de
vida, não se preocupam com expressões do tipo “para que vou usar isto” e sim em
aprender.
Mesmo o grupo de estudos tendo alunos com
boa base educacional, notei que a preocupação em aprender, ainda traz consigo o
“aprender para ir bem na prova” sem uma intenção real de construir o
conhecimento. Conceito que tentei mudar para que os alunos descobrissem o
prazer de aprender. Acredito ter cumprido tal propósito com a técnica da
maquete.
Durante o grupo de estudos, pude perceber a
carência da turma na alfabetização matemática. A alfabetização matemática, tem
influência em todo o conhecimento matemático a ser desenvolvido na vida
estudantil. Muitos dos problemas apresentados no aprendizado de matemática, têm
suas raízes na alfabetização precária ou ausente e falta de desenvolvimento do
raciocínio lógico, sistematização e construção do número pela criança.
Muitos educadores negligenciam a alfabetização
matemática em reprodução à sua própria formação. Os temores e resistências em
relação aos conteúdos matemáticos ocorrem usualmente pela falta de vivência e
conhecimento desmembrado de teoria e prática.
O Ensino Médio Normal, habilitação magistério, não raramente tem como
docente da disciplina de Didática de Matemática um pedagogo, que por sua
formação acaba ensinando muita teoria com uma prática distante da realidade.
Conceitos simples como lateralidade,
proporção, relação e distância que as crianças aprendem brincando, são deixados
de lado pela falta de preparação dos professores. A
precariedade no ensino de conceitos como desenvolvimento motor, direção,
sistematização, raciocínio lógico, noção de espaço, entre outros, que estão
diretamente ligados à matemática, dificultam o próprio letramento. Afinal o que
é a escrita, senão uma sequência lógica de sons e letras, criada pelo homem,
para representar a fala?
É preciso incluir nas salas de aula o
óbvio: a matemática é realidade, prática, dia a dia. E como tal deve estar
inclusa de forma lúdica e permanente no processo de ensino aprendizagem.
Em relação ao grupo de estudos, acredito
ser uma técnica salutar e produtiva, e quando o grupo gosta de conviver entre
si isto contribui ativamente para o processo educacional, o que ocorreu de modo
satisfatório durante a realização deste estágio.
Referências
1.
Maquetes
na Sala de Aula - Geometria Básica – Ângulos – disponível em http://www.youtube.com/watch?v=_55TFzyMp4c
– Acesso em 10/10/2013
2.
Razão e Proporção – Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=RfJDEFQo9bA
– Acesso em 10/10;2013
3.
Souza ,
Kátia N. V.- Alfabetização matemática: considerações sobre a teoria e a
prática, disponível em http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/ric/article/view/273
, acesso 23/07/13
4.
Alfabetização Matemática – Disponível em http://www.facsal.br/portal/Monografias/Pedagogia/TCC-pedagogia-revisada_luzia-vers%C3%A3o%20final.pdf
acesso em 23/7/13.
5.
Soares, Mariane – Uso de Maquetes na alfabetização
matemática – Disponível em www.marianesoares1.blogspot.com - Acesso em 14/01/2014;
6.
Resolução/CD/FNDE nº 4, de 27 de fevereiro de 2013
7.
Noé, Marcos- Tecnologias - Graduado em Matemática - Equipe
Brasil Escola
8.
Matemática na Vida, Razão e Proporção – TV Escola,
Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br Acesso em 16/01/2014
9.
ANDRINI, Álvaro – Novo praticando a matemática – São Paulo:
editora do Brasil: 2002.
10.
BICUDO, Antonio Jose Lopes, 1995, Matemática hoje é feita assim-São
Paulo, FTD.
11.
BONJORNO E AYRTON: Matemática – fazenda a diferença (5ª à 8ª
série) FTD
12.
Educação matemática: da teoria à prática. Campinas, Papirus,
1996.– São Paulo, 2006.
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